Agora que o nível do hype está dentro do nível normal podemos avaliar com mais calma a chegada das novas GPUs Polaris da AMD. Nosso primeiro contato com a AMD RX 480 (review completo) foi bem positivo, mas a fabricante tem outras opções para nos oferecer em faixas de preço e desempenho diferentes, uma delas é a RX 470 que nós testamos e vocês confere a seguir a análise em detalhes.
Um novo finalmente “novo” (de novo)
“Mas por que toda essa redundância”, você vai se perguntar. E nós vamos responder com todo prazer do mundo. Se na RX 480 podemos considerar um produto realmente novo (já que sua antecessora R9 380 era uma “requentação” da R9 285) o que dizer então de uma placa que vem sendo renomeada desde a geração HD 7000?
A RX 470 vem para substituir a R7 370, que era uma R7 265 e que era uma HD 7850? O fato é que a placa que a RX 470 substitui ainda utilizava o chip Ptcarin renomeado e utilizado em algumas tantas versões de nada menos que três fucking gerações, e antes de criticar a AMD por “requentar”, é bom que ela passou todos estes anos vendendo muito bem, obrigado. De qualquer formam, fique tranquilo, a RX 470 é uma Polaris.
Nada de R9 400, pulamos para as “R10” 400
Para deixar bem claro que mudou completamente de geração e virou uma página na sua história a AMD resolveu mudar a nomeação de suas placas para “RX (R10) 400” ao invés de dar sequência com uma série R9 400, então fica muito mais fácil distinguir as placas de vídeo com chip Polaris de todas as anteriores.
Dos 28nm para os 14nm… mas e daí?
Os chips que equipam RX 460, RX 470 são baseados na arquitetura 14nm “FinFET” com transistores tridimensionais, algo tão bacana quanto parece mas de forma simples, ela representa um salto enorme em relação a de 28nm utilizada há algumas gerações pela AMD permitindo um consumo de energia menor e clocks mais elevados.
Consumo de energia “quase igual”
Aqui entramos em um assunto importante quando falamos em placas de vídeo deste seguimento, afinal uma fonte de alimentação faz a diferença no orçamento final e pode ser fator decisivo na hora de montar um PC. A RX 470 não consome menos que sua antecessora R7 370, mas estamos falando em uma diferença de apenas 10W no TDP que é de 110W na geração passada e 120W na RX 470.
Parece um retrocesso mas se fizermos uma pesquisa rápida veremos que os reviews da RX 470 espalhados por aí mostram uma performance em média 50% superior a R7 370, então não precisa ser um mestre da informática nem um matemático para entender que esses 10W a mais (menos de 10% a mais) não são os únicos responsáveis pelo aumento de performance, a arquitetura Polaris é muitas vezes superior a utilizada nas gerações anteriores.
8GB de memória para todo mundo
Se na geração passada a AMD já usava o “chamariz” da memória de vídeo para atrair o público, nessa geração ela popularizou ainda mais trazendo a RX 470 com 8GB a um preço acessível. Utilizando ainda o padrão GDDR5 a RX 470 é capaz de atingir o clock efetivo de 7 GHz de memória que combinado aos 8GB é suficiente para todos os jogos AAA de que se tem notícia até o momento.
Menos para quem é “muquirana”
Mas quem precisa de 8GB para jogar em Full HD, não é mesmo? Bom, é uma afirmação que precisa ser levada em conta, afinal estamos falando de uma placa de vídeo que se encaixa no “investimento racional”. Pensando nisso a AMD também oferece modelos de 4GB da RX 470, o que é o caso do modelo testado.
Infelizmente ainda não temos o modelo de 8GB disponível para testes por aqui já que seria interessante ver a diferença de desempenho entre elas, mas alguns reviews externos mostram uma diferença muito pequena em jogos assim como acontece com a RX 480 nas versões de 4GB e 8GB, uma ótima notícia para quem busca o melhor “custo x benefício”.
Um CrossFire sem cabos
Já chegamos a só Deus sabe qual geração já oferecendo suporte a CrossFireX e SLI mas a tecnologia ainda é pouco difundida e pouco utilizado pela maioria dos jogadores, nós testamos a possibilidade de um CrossFireX com gerações diferentes de placas de vídeo AMD (aqui) e o resultado foi interessante tornando a tecnologia mais “convidativa” para os menos experientes.
Uma novidade que estreou com a R9 290X que pode diminuir o medo do CrossFireX é o XDMA CrossFire que permite combinar duas ou mais placas sem a necessidade da “ponte”, aquele cabo que faz a ligação entre elas. Além de facilitar ele promete um desempenho superior do CrossFire com uma eficiência próxima aos 90%, algo superior ao que é obtido com as “pontes”. A RX 470 possui o suporte a tecnologia, algo que ganhou uma importância ainda maior nessa geração, isso porque a Nvidia optou por retirar o suporte a SLI da GTX 1060 e deve fazer o mesmo com a GTX 1050 (ou 1050 Ti) contra quem a RX 470 concorre.
A referência está de volta… só que mais “recatada”
O design do modelo de referência da RX 470 que testamos é virtualmente idêntico ao da RX 480 de referência, o corpo de plástico fisco e a parte do logo Radeon em plástico brilhante, as conexões e até mesmo o PCB lembram a RX 480, é quase impossível para leigos identificar não fosse a identificação pela pequena etiqueta no PCB.
Diferente da RX 480 que foi lançada em seu modelo de referência por diversas parceiras da AMD com poucas alterações visuais como o logo da marca no lugar do “Radeon” no fan (noooosssa), backplate ou um clock mais elevado pela Sapphire, a RX 470 não recebeu até o momento tanta atenção para o modelo de referência, apenas a Sapphire apresentou um modelo de referência que tem um visual prateado e um backplate, ainda assim está entre os mais baratos, o que nos faz pensar que modelos de referência simples sairiam até mais em conta.
Temperatura e ruído “padrão”
Estamos falando de um modelo de referência onde a intenção da fabricante não é entregar o melhor sistema de dissipação possível, apenas um equilíbrio entre refrigeração e nível de ruído, então podemos dizer que a AMD fez o trabalho de casa com os modelos de referência das RX 400. A AMD RX 470 utiliza um sistema de fan estilo “turbina” (blower) como na RX 480, que é bem barulhento em altas rotações. Ele traz um dissipador de calor de alumínio com base de cobre.
Novamente o modelo de referência não foi nem o mais frio nem o mais silencioso que já testamos, mas em uso “normal” o nível de ruído não chega a incomodar. Diferente da RX 480 que chegou quase sempre a sua temperatura limite de operação chegando mesmo a diminuir o clck para manter os níveis seguros e reduzindo o desempenho (quedas de FPS), a RX 470 ficou em uma margem bem mais aceitável próximo aos 80 ºC, o que é bem razoável para esse tipo de sistema.
“VR para o povão”
A tal “revolução” que a AMD propõe em suas peças publicitárias se dá, é claro, no preço extremamente competitivo e agressivo da série RX 400, algo que experimentamos na RX 480. As novas tecnologias presentes no mercado como DirectX 12 e o próprio FreeSync da AMD (que nós ainda não testamos, mas um vizinho testou e disse que é muito bom) já eram esperados na RX 470, mas o que realmente não esperávamos é que o suporte a VR (realidade virtual) também fosse possível.
Além de ser possível desfrutar do VR na AMD RX 470 ela ainda possui suporte a DisplayPort 1.4 HDR e HDMI 2.0B que permite altas taxas de FPS em resoluções 4K e superiores, como 5K mas não muda muito no seu Full HD.
“Querida, esqueci DVI’S outra vez”
E é mesmo muito bom, muito bacana o lance das portas HDMI 2.0B (uma) e DisplayPort (três) que a AMD Radeon RX 470 tem de sobra, mas se assim como nós você usa o nem tão velho DVI nós temos más notícias pra você, é bom incluir a compra de um cabo HDMI-DVI na sua lista.
Já nos deparamos com o mesmo “empecilho” na RX 470 e, novamente afirmamos que não ter conexão DVI não é o fim do mundo, mas para uma placa que se posta como “acessível” e em um modelo de referência, era esperado um conector DVI que ainda está presente em suas rivais diretas. Essa é uma questão que foi resolvida nos modelos “custom”, mas é um ponto negativo.
Contra quem a RX 470 “briga”
A RX 470, ao menos em sua nomeação deveria substituir a R7 370 que é a placa que vem logo abaixo da R9 380, mas na verdade seu desempenho fica próximo a placas como GTX 970, R9 390 e até mesmo da RX 480. Sua rival do lado da concorrência deve ser a GTX 1050 ou GTX 1050 Ti tanto em preço quanto desempenho.
A RX 470 8GB fica em um ponto interessante entre a RX 480 4GB enquanto a RX 470 deve ter um preço mais acessível.
A AMD te dá a melhor configuração para o jogo
A dúvida sobre o porque nós optamos por testar os jogos “no máximo” mesmo com placas de entrada sempre é levantada em nossos reviews e nós explicamos que o objetivo é mostrar ao jogador se a placa é ou não capaz de cumprir a tarefa mas é sempre importante observar se ela foi projetada para isso. Efetuar testes com configurações variadas não da ao jogador a chance de posicionar a placa em desempenho em relação as demais pois fica mais difícil reproduzir o resultado em casa.
Se a placa não foi projetada para “rodar no talo” não será surpresa se isso não ocorrer e nossos testes tem como objetivo mostrar a limitação de cada modelo, quando ela não é capaz disso basta ir diminuindo os detalhes começando pelos filtros e depois as texturas até obter uma taxa de FPS aceitável. Se você tiver dificuldade para encontrar a melhor configuração de filtros e detalhes para sua placa rodar o jogo desejado com o melhor equilíbrio entre qualidade e desempenho tanto AMD quanto Nvidia oferecem ferramentas que ajudam na tarefa.
A AMD oferece aos jogadores o AMD Gaming Evolved da Raptr, um app que além de gravar vídeos, capturar imagens da tela e permitir chat durante o jogo também configura automaticamente o jogo de acordo com o seu hardware buscando o melhor equilíbrio entre desempenho e qualidade, o app identifica os jogos instalados no seu PC e mostra as melhores configurações. Ele ainda se encontra em fase “beta”, o que significa que alguns jogos ainda não são suportados mas é uma boa ajuda para não sofrer na hora de configurar os jogos.
Plays TV ainda não é “funcional” para gravar gameplays
Assim como no GeForce Experience que possui um programa específico para gravar gameplays otimizado para o hardware da fabricante o Raptr possui o PlaysTV que pode gravar sua jogatina sem quedas de FPS e com ótima qualidade. Ficamos impressionados com o gravador mas ele ainda precisa amadurecer já que não funciona em determinados jogos e não é capaz de gravar os dados do MSI Afterburner em alguns casos, por isso não pudemos utilizá-lo em todos os games, o que é triste pois a queda de FPS nos gampleyas foi mínima.
Wattman, a nova ferramenta de overclock da AMD
Wattman é a nova ferramenta de overclock e gerenciamento de energia da AMD, que dá ao usuário a liberdade para controlar os clocks da GPU e memórias, velocidades de fan e temperatura. Com o Wattman a AMD trouxe uma nova forma de fazer overclock com precisão, como controle de tensão e uma curva de clock totalmente personalizável com 7 estágios. Usando um histograma o Wattman também monitora e grava o uso da GPU, exibe os clocks, temperaturas e velocidade do fan, facilitando para você observar como sua VGA está trabalhando em uma única interface.
Especificações técnicas
Com o que testamos?
Componentes:
Placa mãe: GA-Z97MX Gaming 5
Processador: Intel Core i7 4790K 4.4 GHz (turbo) 4.0 GHz (stock)
Placa de vídeo: AMD Radeon RX 470 (Referência)
Memória: 16GB DDR3 (2x8GB) Corsair Vengeance 1600 MHz (stock)
Disco Rigido: 3TB 7200 RPM
Fonte: Corsair 850W
Monitor: Benq 22” (1920×1080, 1ms resposta)
Sistema Operacional: Windows 10 64bits
Conexão de Vídeo: DVI Resoluções – 4K 3840×2160, 2560×1440 e 1920×1080
Versão do Driver de Vídeo: AMD Radeon Driver 16.9.2
Como testamos
Nós preferimos deixar os benchmarks com programas profissionais de edição ou similares para nossos colegas, aqui o assunto principal é o desempenho nos games.
É importante ficar claro que esse sistema não é 100% preciso, então nos permitimos uma margem de 10% para mais ou para menos devido a variações de drivers ou updates em games. Os resultados são “médias” que podem variar de acordo com o cenário escolhido para o teste em cada jogo e com o hardware utilizado como CPU, memória RAM e GPU.
Cada jogo é configurado de acordo com suas opções gráficas, mas no geral utilizamos a seguinte dinâmica:
- Preset mais alto disponível como ultra e very high em resoluções até 2560×1440 (1440p)
- Quando em 2160p (4K), reduzimos os filtros de antiserrilhamento AA para FXAA ou desligamos se o jogo não oferecer essa opção;
- Os testes são feitos com os últimos drivers e versões atualizadas dos jogos e do sistema;
- A captura das amostras em vídeos é feita com Raptr da AMD ou Shawdowplay da Nvidia que oferecem quedas mínimas de performance;
- O monitoramento das informações é feito com o MSI Afterburner e a medição de frames é obtida com o FRAPS;
- As temperaturas são medidas pelo GPU monitor e variam de acordo com o ambiente que não é controlado variando de acordo com os testes.
- Os valores em frames são obtidos ao rodar o mesmo jogo três vezes no mesmo preset gráfico. Depois, é feita uma média dos resultados obtidos nas três partidas para que fique um valor mais íntegro e tente eliminar variações;
- Para jogos que não possuem benchmark próprio ou não condizem com as condições gerais de desempenho no jogo, adotamos um save específico disponível para download aqui.
- Tecnologias proprietárias como Nvidia GemeWorks, PhysX e AMD Tress FX são desativadas para obter uma média justa de comparação.
Entenda os números (FPS)
Optamos por realizar os testes utilizando alguns dos jogos mais “pesados” do mercado para que você tenha uma visão geral do desempenho, utilizamos sempre a configuração predefinida mais alta de que o jogo dispõe sem alterar manualmente. Entendemos que a média mínima de FPS aceitável para que a experiência de jogo não seja prejudicada é sempre acima de 30, abaixo disso já é possível notar a diferença, mas você deve prestar muita atenção antes de julgar o desempenho do produto testado.
Mesmo quando ele não é capaz de obter uma média acima de 30 FPS não significa que o desempenho foi ruim pois as placas de baixo custo, por exemplo, nem sempre são desenvolvidas para rodar os jogos em altas resoluções ou detalhes no máximo e sacrificam um pouco do desempenho em favor do baixo custo. Procure sempre a configuração ideal para cada hadware diminuindo detalhes até alcançar um equilíbrio ideal de desempenho e lembre-se se identificar qual é o foco de desempenho ao qual a GPU ou CPU se propõe.
Avalie o desempenho
Sempre que analisar um review leve em consideração o foco de produto, se ele é ou não voltado a obter o máximo de desempenho ou se a intenção é equilibrar desempenho e custo. A compra de um hardware deve ser medida pelo conjunto custo x benefício, se a placa de vídeo ou processador em teste não é capaz de executar algum dos jogos testados “no máximo” pode ser possível uma melhora de desempenho desativando algum filtro ou diminuindo a resolução se o seu objetivo é obter um produto mais em conta, mas se está em busca do melhor ele deve ser capaz de executar os jogos com todos os filtros a uma média sempre acima do recomendado. Note que quanto mais desempenho um produto oferece mais caro ele será.
Desempenho em jogos
BATTLEFIELD 4
CALL OF DUTY: BLACK OPS III
CRYSIS 3
DEUS EX: MANKIND DIVIDED
DIRT RALLY
FAR CRY PRIMAL
GTA V
HITMAN 2016
RISE OF THE TOMB RAIDER
THE WITCHER 3: WILD HUNT
FPS MÉDIO EM 10 JOGOS:
1920×1080 (Full HD)
2560×1440
3840×2160 (4K)
TEMPERATURA
As temperaturas são medidas utilizando o GPU-Z, a placa foi testada dentro do gabinete fechado. A temperatura ambiente varia entre 22 ºC e 27ºC sendo os resultados medidos in-game.
O QUE NÓS ACHAMOS, VALE A PENA COMPRAR?
É preciso parabenizar a AMD, após duas gerações inteiras convivendo com placas de vídeo renomeadas ao lado de poucos modelos realmente novos nós finalmente temos uma geração com chips novos e uma real evolução em relação as anteriores com um consumo de energia muito mais baixo e um desempenho equivalente.
A AMD RX 480 atingiu algo bem próximo do ponto de equilíbrio do gamer “comum” entre preço e desempenho, o que já havia sido alcançado pela rival na geração anterior e que agora a AMD parece se apropriar dessa faixa de mercado. A ideia de oferecer os modelos de referência para atingir um custo melhor foi boa mas na prática as placas estão disponível em número insuficiente (esgotadas em muitos fornecedores no país) e as RX 480 custom são ainda mais raras. Infelizmente o fator “lançamento” ainda pesa no seu preço que não é tão competitivo no Brasil, algo que deve se estabilizar em breve.
Com suporte as últimas tecnologia, ótimo desempenho, baixo consumo, 8GB de memória e um preço agressivo a AMD Radeon RX 480 de referência é uma boa escolha para quem procura uma placa capaz de rodar os games mais atuais com as últimas tecnologia e suporte a VR, por isso a RX 480 leva a qualificação máxima e nossa recomendação.
QUALIFICAÇÃO GOLD:
PRODUTO RECOMENDADO:
Pontos positivos:
– Nova litografia.
– Desempenho próximo a RX 480.
– Baixo consumo.
– Displayport 1.4 HDR e HDMI 2.0.
– Crossfire XDMA (sem cabos)
– Apenas um conector de energia.
Pontos negativos:
– Sem porta DVI.
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Por: Lock Gamer